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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A nudez desde os tempos antigos até às culturas modernas (Parte 5)

Aileen Goodson

(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)

Antigos Cristãos Nudistas

Existe um número de ministros e sacerdotes no movimento contemporâneo de nudismo. Na verdade, o movimento nudista foi em grande parte organizado por líderes religiosos. Esses líderes religiosos usaram como justificação as muitas partes da Bíblia judaico-cristã que falam em aceitar o corpo humano sem vergonha (como as referências aos apóstolos que eram pescadores, e que trabalhavam nus). Os nudistas religiosos usam essas citações como uma resposta aos pregadores fundamentalistas que dão sermões sobre a demanda de Deus para a roupa.
Por exemplo, o ReverendoMartin Wadestone, autor de "Nudism and Christianity", escreve:
"Na verdade, à luz da Bíblia, não há pecado na nudez em si, mas se uma pessoa usa a nudez para fins lascivos ou imorais, isso sim constitui um pecado. A Bíblia não fala contra a nudez nem que ela ensina que o corpo é vergonhoso. Não há referência à vergonha na nudez, esta vergonha foi produzida na mente do homem e não pela ordenação divina. "
Esta foi também a crença de pelo menos cinco grupos na história do cristianismo: Carpocratianos, Adamitas, Adamianos, Encratitas e Marcosianos. A maioria das informações históricas que temos sobre as crenças e práticas destes primeiros cristãos vêm a nós, de facto, através das críticas registradas e textos moralistas das autoridades da Igreja Católica Romana, uma vez que estas autoridades têm em grande parte destruído escritos daqueles que consideravam heréticos.
O filósofo platónico Carpocrates, nascido em Alexandria no Egipto, no século II D.C., acreditava num Deus como criador do mundo e de todas as coisas dele. Ele combinou o ideal cristão da fraternidade do homem com porções da República de Platão, defendendo que as glórias de Deus não devem ser escondidas. Ele exortou os cristãos, tanto homens como mulheres, a olharem para o corpo com gratidão pela força criadora e amor de Deus. Os seus discípulos sofreram perseguições e ridicularizações por vezes graves, mas continuaram as suas práticas até ao quarto século D. C.. Registos indicam que as estátuas nuas e um museu foram criados para homenagear esta religião. Foram os Carpocratianos os primeiros que retrataram o corpo de Cristo na forma como é vista até hoje.
Os Adamianos existiram nos séculos segundo e terceiro. Eles eram um grupo que esperavam reconquistar a inocência perdida no Jardim do Éden e, consequentemente, adorados pelo seu estado de nudez, viviam como uma comunidade de nudismo. Acredita-se que os grupos de Adamianos utilizavam os desertos templos pagãos para os seus próprios rituais. Algumas gerações mais tarde, surgiram os Encratitas e Marcosianos, desenvolvidos a partir da tradição dos Adamianos. Os Encratitas eram vegetarianos e muitos, se não todos praticavam o nudismo. Na antiga Gália (França), um professor gnóstico chamado Marcus e os seus seguidores ficaram conhecidos como Marcosianos e estavam estabelecidos no Vale do Rhone, no século terceiro. Irineu, um escritor conservador, cristão, criticou a sua nudez e crenças religiosas, comentando: "Marcus é considerado por estes insensatos de cérebro rachado como um operador de milagres."
Os Adamitas (sem conexão com os Adamianos) foram uma seita activa na Boémia durante o século XV D. C. Eles faziam parte da Reforma Hussite (de John Huss). Este grupo criou numerosas comunidades religiosas nudistas. Cristãos que viviam a sua vida de forma natural foram chamados por tradicionalistas como "hereges gnósticos", porque as suas doutrinas cristãs foram influenciadas pelos ensinamentos esotéricos e pelos pensamentos místicos orientais. Henry de Horatev escreveu que, enquanto, em certo sentido eles poderiam ser considerados gnósticos, "eles não eram gnósticos, mas simplesmente cristãos radicais". Estes grupos religiosos nudistas, não eram exibicionistas, preferindo viver em reclusão isolada e inacessível, protegido pelas florestas da Gália, os desertos do Egipto, e as ilhas da Grécia.
Eles construíram muros de pedra resistentes para a sua privacidade e protecção,das comunidades hostis que os cercavam. DeHoratev reflecte: "É de lamentar que os únicos registos que temos dos antigos nudistas cristãos nos vêm de grupos hostis que os censuravam! Esperemos que um dia, em algum mosteiro ou túmulo Europeu ou Africano, seja descoberto um conjunto de livros gnósticos perdidos que possam lançar nova luz sobre os grupos perseguidos dos nudistas da antiguidade, assim como os Manuscritos do Mar Morto trouxeram um novo entendimento para a antiga literatura hebraica. "


O Nudismo como Protesto

A nudez tem sido utilizada ao longo da história como uma forma de protesto, bem como uma expressão positiva dos valores humanos. Se o principal objectivo é ser-se notado, numa sociedade vestida, tirar a roupa é certamente um método eficaz de ganhar atenção. Esta foi uma táctica usada por alguns hippies na década de 60 e também por alguns protestos de alguns religiosos ao longo da história. Por exemplo, acerca do famoso São Francisco de Assis: "Ao ser repreendido pelo seu bispo, ele tirou a sua roupa e andou nu pelas ruas."
Embora seja possível interpretar isto como um acto de humildade religiosa e não como protesto, não há dúvidas sobre os Doukhobors do Canadá, que deixaram a Rússia em 1898 e que ainda existem em pequenas colónias no norte dos Estados Unidos. Uma seita extremista e individualista de que se separaram da Igreja Ortodoxa Russa em 1785, os Doukhobors eram cerca de 15.000 pessoas, quando vieram pela primeira vez para o Canadá. Com o nome de "Filhos da Liberdade", eles estavam constantemente em conflicto com a lei por causa de sua recusa em obedecer às leis canadenses que se regem pelos padrões educacionais, cívicos e culturais. Os Doukhobors protestaram em massa, muitas vezes nus. O seu primeiro desfile nu foi em 1903, e embora os manifestantes fossem perseguidos e presos, eles continuaram com esta maneira única de fazer valer as suas posições por várias décadas.

A Liberdade do Corpo Relacionado com o Estatuto da Mulher

Mesmo depois das prácticas religiosas Europeias terem colocado severas restrições à liberdade do corpo e do prazer sexual, houve períodos de atitudes mais relaxadas, talvez como uma reacção à prolongadarepressão social e sexual. Jorge Lewinski, autor de The Naked and The Nude, nota que alguns historiadores ligam essas flutuações com uma alteração do estado das mulheres nessas culturas. Ele aponta o início da Idade Média como sendo estrictamente patriarcal, dominada por sacerdotes com atitudes repressivas em relação à nudez e ao sexo. Os anos do final da Idade Média, no entanto, estão marcados com o cavalheirismo, trovadores, a admiração das mulheres e atitudes mais relaxadas. O Renascimento foi uma época de maior prestígio para as mulheres, com os seus vestidos greco-romanos e o apreço por pinturas de nus não-religiosas. O aumento da liberdade do corpo, parece estar relacionada com o período do florescimento do movimento das artes. Vieram então Calvino e Lutero, que trouxeram de volta as restrições morais patriarcais durante o movimento da Reforma. Esta foi, mais uma vez seguida por um relaxamento da moral no século XVIII que, por um curto período de tempo, restaurou a posição social das mulheres. Em seguida, houve um mergulho profundo no restritivo, período patriarcal victoriano - a partir do qual o século XX feminista ainda não saiu completamente.


Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A nudez desde os tempos antigos até às culturas modernas (Parte 4)

Aileen Goodson

(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)

A Nudez no Oriente

Até ao século XX, o sentido japonês de modéstia diferiu fortemente daquele que se via na Europa ou na América.
Banhos nus em grupo, por exemplo, era um facto básico da vida diária praticado até muito recentemente e ainda existem em áreas rurais distantes das grandes cidades do ocidentalizado Japão. No entanto, Bernard Rudofsky, no seu livro Are Clothes Modern?, observa que a nudez não era um tema aceitável para os artistas tradicionais japoneses.
"Mesmo os amantes deitados em quilts (espécie de colcha) - um assunto favorito em arte japonesa - estão sempre totalmente vestidos, não porque os artistas eram puritanos, mas porque os japoneses parecem gostar de fazer amor emaranhados nas roupas um do outro .... Esta cultura não-cristã não só ignorou o pecado original, como nunca sentiu a necessidade de adoptá-lo.
No entanto, os japoneses estavam longe de ser excessivamente modestos! A sua atitude de que tudo o que é natural é moral, é revelado nos "livros da noiva", publicados por centenas de anos no Japão como um meio de educação sexual prático para mulheres jovens. Através de texto e imagens explícitas, este tipo de livro prepara a mulher solteira japonesa para a conduta sexual que deveria ter lugar depois do seu casamento. Aos casais experientes também foram fornecidos os chamados "livros de almofada", destinado a ser mantido perto da cama. Estes continham ilustrações eroticas para estimular e aumentar a satisfação marital.
Membros da classe superior chinesa eram muito mais inibidos e até consideravam mesmo os seus camponeses sem roupa como seres sub-humanos. A nudez, mesmo na arte, era vista como imoral. No seu ensaio The Future of Nakedness, John Langdon-Davies conta uma história sobre os padres jesuítas, que ficaram horrorizados ao saber que os chineses consideravam os livros cristãos, contendo imagens lindamente coloridas de santos religiosos masculinos e femininos com as suas roupas/túnicas clássicas, como pornográficas.
Na China antiga, um costume antigo e estricto, impedia até que uma mulher da classe alta pudesse estar na presença do seu médico sem roupas. A única maneira que ela tinha para poder comunicar com o seu médico sobre seus problemas físicos era apontar para o lugar correspondente numa escultura em miniatura, nua, feita de marfim ou de alabastro. Essas pequenas estátuas, items de grande importância para todas as famílias respeitáveis chinesas dos tempos mais antigos, ainda podem ser adquiridas por turistas em zonas chinesas de algumas cidades, que se podem encontrar em todo o mundo.
Ao examinar os hábitos de banho de uma cultura, é possível determinar as atitudes corpo-imagem com alguma precisão. Os Japoneses, os povos Turcos e Escandinavos, nos últimos tempos por exemplo, têm tradicionalmente apreciado os banhos nus em grupo, à semelhança das suas culturas anteriores. No império greco-romano, até aos seus anos de declínio, os dois sexos, socializavam nus durante os banhos em grupo porque a enfase da sua cultura era a saúde, a limpeza, e a socialização, e não as diferenças físicas ou sexuais. Durante a Idade Média, a Igreja Católica suprimiu estes banhos. No entanto, os banhos em grupo, onde os sexos eram normalmente segregados sobreviveram em partes da Europa Central e do norte da Europa, até que, finalmente, os modernos movimentos nudistas iniciaram as acções que levaram ao aparecimento das praias e spas nudistas, mistas, na Europa.
O mundo ocidental, desde a Idade Média até o século XIX, não era conhecido pelas práticas da limpeza do corpo. Desde que o corpo nu foi considerado como pecaminoso, as práticas de usufruir de um banho de carinho ou imersão numa casa de banhos comuns (como os luxuosos banhos do Oriente) não ficaram simplesmente indisponíveis para a grande maioria das pessoas, como passaram a ser impensáveis e inaceitáveis. Banhos de esponja ou simplesmente “chapinhar” eram o costume, e o uso de perfume era mais um disfarce para a falta de banho do que um meio para o aliciamento sexual.
Os banhos turcos utilizando fontes termais quentes foram construídos por onde o Império Otomano dominou, introduzindo em muitas partes da Europa o ciclo de prazer e de promoção da saúde de nadar nu, suando, e da regeneração através da massagem. Tanto os homens como as mulheres do Império Otomano usavam os banhos como um centro social, mas sempre com sexos separados.
No entanto, no Japão, um país abençoado com naturais termas vulcânicas, os banhos em grupo mistos, praticados por famílias nuas foram aprovadas pelas religiões vigentes há mais de dois mil anos. Algumas das casas de banhos públicos no Japão, têm hoje salas privadas de vários tamanhos, onde as famílias ou grupos sociais podem experimentar as piscinas fumegantes em privacidade. Mais comuns, no entanto, são as piscinas grandes comunitárias.
Originalmente um rito de purificação xintoísta, a prática de banhos sociais nus, espalhou-se por todo o Japão e tornou-se parte do quotidiano japonês, sendo tão comum como o nascer do sol. Xintoísmo, a religião do estado do Japão, existente antes de 1945, enfatiza a higiene pessoal, tanto espiritual como fisica. No entanto, mesmo os monges budistas construíram casas para banhos dentro dos seus templos. No início de cada dia, estes monges reuniam ramos de pinheiro, azevinho, ou árvores de buxo, em preparação para o aquecimento da fornalha de paredes espessas de argila vermelha que estava colocada num chão de pedras. As portas eram abertas ao público dado que o vapor ia para cima. Algumas casas de banhos ofereciam cerimónias de chá, enquanto outras forneciam frutas e outros alimentos. Havia sansulces (meninos de banho) e donzelas de banho, que ofereciam os seus serviços, para esfregarem as costas.
Assim, muitos homens e mulheres Japoneses cresceram acostumados a serem vistos nus e a verem a nudez de outros em todas as idades. No entanto, com a correria que a vida tem típica das grandes cidades no Japão, e com a ocidentalização da arquitectura das casas, as casas de banhos comunitárias estão a perder a sua proeminência. Os banhos nus colectivos nas nascentes termais, no entanto, permanecem como pontos altos para férias.
Em muitas zonas do Japão, os Invernos são muito frios, e as naturais nascentes quentes, têm-se tornado tradicionalmente um refúgio para o prazer e para a saúde do corpo - oásis de vapor, aninhados nas montanhas escarpadas e florestas exuberantes. Algumas dessas piscinas tornaram-se agora sitios para os hotéis e resorts modernos.
Nos dias de hoje, o uso popula de spas com banhos quentes nos Estados Unidos, obviamente, teve origem a partir desses costumes antigos e tradicionais dos banhos comunitários tão proeminentes no Japão, Escandinávia e Turquia.

Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Florida procura turistas nus


AU NATUREL: Pasco County está a tentar seduzir os nudistas alemães para que passem as suas férias lá.

Pasco County é o lar de centenas, talvez mesmo milhares de nudistas , ou naturistas como muitos preferem .
Uma comunidade a oeste da Florida prevê gastar 3800 dólares para que nudistas alemães possam passar as suas férias lá.
A concessão de publicidade foi aceite na semana passada pela comissão de Pasco County e entregue à Panda-Bare, uma organização local de nudismo representando 16 resorts, acampamentos e clubes localizados no concelho predominantemente rural ao norte de Tampa.
"Dentro de Pasco County, temos a maior concentração de nudistas residenciais no mundo", disse o presidente da Panda-Bare, Paul Brenot.
Os anúncios, para serem colocados em publicações europeias, irão promover a reputação de longa data do concelho como a capital do nudismo na América.
"A ideia é criar uma estação Europeia em Julho e Agosto que são os nossos piores meses do ano", disse Eric Keaton, relações públicas da agência turística para o desenvolvimento de Pasco County.
Keaton afirma que o nudismo contribui para a economia do concelho,mas que não tem números para quantificar o seu impacto.
O primeiro mercado-alvo para a campanha publicitária será a Alemanha que, segundo o site Panda-Bare, é um mercado grande e lucrativo cujos milhões de nudistas estão entre os viajantes mais prolíficos do mundo. O grupo também prevê uma campanha destinada aos nudistas britânicos, franceses e holandeses, pois pensa-se que existirão mais de 19 milhões de nudistas que passam férias nestes países.
"Os nudistas europeus são muito limpos, e um pouco engraçados", disse ele.
Keaton disse ainda que os anúncios, previstos para serem lançados em 2012, ainda estão num estágio conceptual.


domingo, 8 de janeiro de 2012

A nudez desde os tempos antigos até às culturas modernas (Parte 3)

Aileen Goodson

(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)

A Nudez na Índia Antiga

Sabe-se agora que a nudez social na Grécia Antiga foi incentivada pela existência da nudez entre os homens santos da Índia. Por exemplo, quando Alexandre, o Grande, sabendo de relatos de ascetas nus na Índia, enviou Onesícrito, um filósofo grego, para investigar o gimnosofistas (nome dado pelos gregos a esses filósofos nus). As conclusões do Onesícrito devem ter impressionado e intrigado Alexandre, pois ele viajou para a Índia (em 326 A.C.) para se reunir com um grupo gimnosofista, e esta reunião levou a que existissem outros intercâmbios entre os dois países.
Pirro de Elis, o fundador da filosofia do cepticismo, estudou com o ginosofistas e, ao voltar para Elis, praticou os seus ensinamentos incluindo o nudismo. Além disso, quando o exército grego esteve na Índia, os soldados participaram em inúmeras práticas religiosas que eram acompanhadas por actividades desportivas nuas. Depois, e por vários séculos, foi relatado que os atletas gregos que competiam na Índia estavam nus ou com tanga, juntamente com os indianos.
No tempo de Alexandre (356-323 A.C.), houve uma série de seitas ascéticas na Índia, cujos membros andavam nus como parte da sua disciplina espiritual. A maior, Ajivikas, exigia a nudez completa dos seus discípulos. Este grupo durou cerca de dois mil anos antes de desaparecer completamente. Buda foi um asceta nu antes de fundar sua a própria religião, e tem sido sugerido que Buda incentivava os seus seguidores a usarem túnicas, principalmente para os distinguir das outras seitas.
Hoje em dia, a maioria dos homens santos nus, da Índia, estão associados com os Jainistas, membros de uma grande religião indiana fundada por volta de 500 A.C.. Mahavira, fundador do jainismo, insistiu na nudez completa para os monges como parte dos seus votos de desistir de todos os bens materiais. Com o tempo houve uma divisão nesse grupo, sendo a nudez um sofrimento demasiado alto para os Jainistas que habitavam as partes mais frias do norte da Índia. Estes nortistas passaram a usar vestes e ficaram conhecidos como Suetambaras, ou “de branco vestidos”, enquanto os sulistas (por não usarem roupas) foram posteriormente referidos como Digambaras, ou "vestidos com o céu". Os jainistas têm muitos seguidores na Índia de hoje.
Paul LeValley, em seu artigo Ancient India, compara os gregos com os gimnosofistas: "As razões que cada um deu para justificar o seu ascetismo nu ou os seus atletas nus eram incrivelmente similares .... [Eles falaram] de eficiência .... Cada grupo conhecido, de ascetas indianos nus, elogiam os valores da vida simples que a nudez incentiva, o legislador de Esparta, defendeu a nudez entre os seus cidadãos, pela mesma razão... [mais] por motivos de saúde .... "
Os gimnosofistas elogiavam a nudez como um método de construção da resistência, como fizeram os gregos. Outra razão dada para a nudez era, que promovia o "pensamento independente e a auto-confiança ...."
LeValley afirma ainda que "Mahavira criticou abertamente os gregos, que na sua maioria confinavam a sua nudez ao ginásio, por serem menos confiantes do que os ascetas indianos. Mahavira frequentemente menciona a nudez como um método para se tornarem livres de amarras ... contentamento sem roupas .... " indianos e gregos concordaram ambos que a nudez representava um estado de pureza e honestidade.
LeValley aponta também algumas diferenças entre as duas culturas, como o enfase dos gregos na beleza do corpo humano, uma questão de importância consideravelmente mais pequena na filosofia religiosa da Índia. Considerando que a gimnosofistas da Índia se referem à sua nudez como um "passo na direção de alcançar a unidade com todo o universo, ou moksha ('a bem-aventurança da iluminação")", os gregos consideravam a nudez como uma base para e como expressão da totalidade do indivíduo e da sociedade. Os gregos, portanto, colocavam mais enfase na diversão, na música, na dança e no prazer físico.
"Talvez o maior valor que ambos os grupos tinham em comum”, Levalley continua," ... foi a associação dos ascetas indianos e dos atletas gregos com a ideia de paz. "A base das olimpíadas, por exemplo, era reunir cidades-estado dissidentes da Grécia para uma competição pacífica e confraternização, enquanto os jainistas, por sua vez, praticavam a não-violência e o vegetarianismo. Até aos dias de hoje, alguns jainistas levam estes princípios ao extremo, usando sempre máscaras que tapam o nariz e a boca, para que os insectos sejam protegidos de serem sugados acidentalmente. Gandhi baseou seu movimento de reforma política e social nesta prática jainista da não-violência.
Durante o controle britânico da Índia, a prática do nudismo dos gimnosofistas foi muito reduzida.
No entanto, agora que existe uma república independente da Índia, os jainistas são novamente livres de praticar a nudez na sua religião. Hoje, na Índia, algumas mulheres também já se juntaram aos grupos dos jainistas ascetas nus.
O Sakas, uma seita hindú da Índia, têm transmitido as suas tradições da nudez na Índia através de milhares de esculturas explícitas que permanecem nas paredes da cidade de Khajurako. Construído por volta de 1000 D.C., este templo em Khajurako comunica os seus valores para o visitante com uma franqueza que não deixa nada à imaginação. "Dezenas de milhares de figuras humanas e de animais, dançam alegremente sobre e ao redor das fachadas destes edifícios .... Reis e plebeus são retratados em união sexual feliz, completamente nus, excepto por missangas, pulseiras, e decoração .... A beleza do corpo foi exaltada, desfilada mesmo. E, dado que a função sexual é parte do corpo, essa também foi exaltada. "
O templo Khajurako não é um exemplo isolado da grande tolerância para a nudez na Índia antiga. Outros templos indianos, como os reverenciados santuários em Konarak e Ellora, também exibem esculturas eróticas altamente realistas. Estas representações não eram, obviamente, consideradas obscenas pelo povo que viveu na época em que foram criadas. A sua frontalidade e a sua colocação em locais públicos centrais, mostra que eles eram uma parte essencial da experiência de vida da comunidade, parte da construção da sua vida social, educacional e religiosa.
O historiador de arte Mulk Raj Anand discute abertamente estas esculturas eróticas no seu livro Kama Kala, utilizando-as para explicar as diferenças entre as atitudes oriental e ocidental a respeito do corpo humano e sexualidade. Falando destas celebrações da vida, ele diz: "Há um prazer mútuo que excita não o riso, mas a reverência .... Adoração do sol [foi] demonstrado na energia que traz os casais juntos .... As formas masculino e feminino tornam-se assim a manifestação da dualidade desejada pelo Deus Supremo, os símbolos terrenos de virilidade e procriação. E assim como o nosso amor humano é visto como um símbolo do grande amor do Deus supremo, também a alegria da união física reflete a alegria sem limites da Divindade na criação."
Mulk Raj Anand refere que o sexo tem sido levado para "cantos furtivos" nas zonas mais a Oeste. Ele acredita que as atitudes modernas de pudicismo originárias dos ensinamentos religiosos, são uma parte infeliz da cultura ocidental e não permitem de forma adequada uma discussão aberta sobre a ternura da prática sexual.
Embora os modernos guias turísticos indianos não possam evitar de mostrar estas esculturas nuas de Khajurako, Konarak, e Ellora aos turistas, é relatado por muitos observadores de que eles não se sentem confortáveis em fazê-lo. É evidente que a liberdade do corpo representada na arte pública de templos antigos, não está enraizada no estilo de vida ocidentalizado da Índia contemporânea.

Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism