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sábado, 19 de maio de 2012

Estado de Nu


Essa linha que nasce nos teus ombros
que se prolonga em braço depois mão
esses círculos tangentes, geminados
cujo centro em cones se resolve,
agudamente erguidos para os lábios
que dos teus, se desprenderam, ansiosos

Essas duas parábolas que te apertam
no quebrar onduloso da cintura
as calipígias ciclóides sobrepostas
ao risco das colunas invertidas
Tépidas coxas de linhas envolventes
contornada espiral que não se extingue

essa curva quase nada que desenha
no teu ventre um arco repousado
esse triângulo de treva cintilante,
caminho e selo da porta do teu corpo
onde o estudo de nu que vou fazendo
se transforma no quadro terminado


JoséSaramago

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