No jornal 'Público' de dia 19/07/2010 saiu este artigo que faz menção a muitas situações já focadas por nós neste blog e que passa pela falta de segurança e de infraestruturas nas praias de nudistas, bem como o crescente "empurrão" que os têxteis estão a fazer junto dos nudistas com a sua permanência, muitas vezes de provocação, muitas vezes só para poderem ter uma visão privilegiada dos nus, e no caso que conhecemos melhor - o Meco - temos notado que assim é. Não temos nada contra os têxteis, só achamos que cada qual tem o seu espaço e deve ser respeitado. Aqui fica o texto para ser lido e pensado por todos os nudistas, pois parece que o nudista português só quer o seu espaço para a sua prática, não fazendo muito para "lutar" por ele.
A lei 29/94, que define o regime de prática do naturismo, estipula que estas praias devem ser isoladas e encontrar-se a, pelo menos, 1500 metros de aglomerados urbanos, escolas, colónias de férias, hotéis, parques de campismo ou conventos, mas não acautela a segurança dos banhistas que optam pela nudez.
"As praias não têm nadadores-salvadores, não há concessionários privados que queiram pegar em praias naturistas. Estas praias não têm as condições que deveriam ter", lamentou o presidente da Federação Portuguesa de Naturismo (FPN), Rui Martins.
A praia dos Alteirinhos (Odemira), foi a última a juntar-se à lista oficial que inclui ainda as praias de Adegas (Aljezur), Barril (Tavira), Belavista (Almada), Meco (Sesimbra) e Salto (Sines).
A estas acrescem muitas outras zonas balneares "toleradas", que acolhem um número incerto de nudistas, mas que Rui Martins assegura estar a aumentar já que "as pessoas convivem melhor com o corpo que têm e libertam-se mais".
"Normalmente, quando experimentam, ficam adeptas. Há pessoas que procuram a FPN e convidamo-las a participarem nos nossos encontros. Muitas juntam-se ao movimento", garantiu.
E mais seriam, acredita o responsável da FPN, não fosse a invasão das praias naturistas por "têxteis" (pessoas que não são nudistas) que "inibe o aparecimento de novos adeptos".
"As praias naturistas estão a ser completamente invadidas por 'têxteis'. Na semana passada, no Meco, 80 por cento dos frequentadores eram 'têxteis'. De certa maneira, isso inibe o aparecimento de novos nudistas", contou Rui Martins, acrescentando que os nudistas não estão contra os 'têxteis', mas sim "contra alguns abusos de pessoas que não são nudistas e adoptam comportamentos exibicionistas ou vão para a praia com intuitos menos próprios".
"Já fui abordado numa praia tolerada e resguardada, onde não há 'mirones', por uma senhora que me veio fazer uma proposta indecente", contou à Lusa.
Pior ainda, só os "mirones", que continuam a ser uma presença quase tão habitual nestas praias como os próprios nudistas.
"Há cada vez mais 'mirones'", disse Rui Martins, lamentando a falta de praias e infra-estruturas para nudistas.
Muitas autarquias resistem ainda a este modo de viver e, em muitos casos, o desacordo e o preconceito face ao nudismo chega a gerar conflitos, como aconteceu no ano passado na praia da Estela (Póvoa da Varzim), uma das preferidas pelos nudistas da região Norte.
"Na praia da Estela chegou a haver ameaças de grupos que pareciam milícias populares, armados com paus e pedras. São coisas que não se viam há muitos anos", lamentou o presidente da FPN.
Uma vez que as autoridades da zona "não estão muito interessadas" em legalizar a praia para a prática oficial de nudismo, a Federação optou por nem sequer avançar com um requerimento.
"Se pusermos um requerimento pode haver mais vigilância e inviabilizar no futuro a legalização da praia", justificou Rui Martins.
Oficializar uma praia depende, sobretudo, "da vontade política das autarquias" e a FPN só avança quando o processo tem fortes possibilidades de ter um desfecho favorável.
A Federação começa por avaliar a sensibilidade dos autarcas, contactando os municípios onde existem praias toleradas e frequentadas há muitos anos por naturistas.
"Só avançamos quando temos quase a certeza que o parecer nos é favorável", frisou Rui Martins
O requerimento tem ainda de passar pela consulta a várias entidades antes de poder ser aprovado pela assembleia municipal.
Para os naturistas, estar nu não é só andar sem roupa, mas reflecte também uma determinada filosofia de vida.
"O naturismo é conviver bem com o nosso corpo, não temos problemas em mostrá-lo, nem olhamos de maneira menos própria para o dos outros. Gostamos de conviver naturalmente, apanhar sol e banhar-nos nus", explicou o presidente da FPN. Como descreve o site da FPN, os naturistas prezam a prática da nudez colectiva em harmonia com a natureza, com o propósito de favorecer a auto-estima e o respeito pelos outros e pelo meio ambiente.
(...)
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