Aileen Goodson
(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)
A Nudez na Grécia Antiga
Séculos mais tarde, a paixão do Faraó Akhen-Aton em viver de forma holística foi praticada com entusiasmo pelos antigos gregos. Enquanto muitas culturas reconheceram as contribuições da Grécia Antiga para a lei, a política, a literatura, a arte e a filosofia, não houve muita coisa que tenha ficado gravada sobre o inicio da advogacia grega sobre a liberdade do uso das roupas, quando prático e adequado. O tipo de roupa de ambas as classes - superior e inferior - da sociedade grega, eram de acordo com a simplicidade e frontalidade da filosofia grega – uma peça de roupa inteira que poderia ser retirada em segundos. Mesmo os vestidos extravagantes projetados para ambos os sexos, com clips no ombro, de jóias ou de metal, eram feitos de uma peça inteira de tecido.
"Quando os gregos queriam dançar ou trabalhar, eles simplesmente tiravam a roupa e começavam. Era algo bastante natural, e ninguém ficava chocado por ver uma pessoa nua a dançar ou a trabalhar.
Os arqueólogos encontraram muitos vasos em que retratavam os artistas completamente nus em festivais e os trabalhadores nus nos campos ", escreve Anthony J. Papalas no seu artigo Greek Attitudes Toward Nudity.
Os historiadores reconhecem esta antiga atitude grega em relação ao corpo, principalmente quando escrevem sobre os treinos dos atletas nos ginásios gregos. A própria palavra ginásio tem como raiz a palavra gymnós (que significa "nu"), e que era definido como um lugar onde se praticava exercício despido.
Enquanto a nudez era tão comum na Grécia Antiga nos atletas e nas esculturas que, historicamente, não podem ser negligenciados, os historiadores tendem a minimizar ou ignorar os fundamentos religiosos e filosóficos do nudismo na vida grega. Por exemplo, os ginásios gregos raramente são apresentados como um lugar para o ensino geral, o que de facto acontecia. Paul LeValley, num artigo publicado na revista naturista Clothed with the Sun oferece um retrato mais preciso.
"Os gregos não poderiam fazer maior homenagem aos seus deuses que imitá-los - para se tornarem tão divinos quanto possível, tanto mental como fisicamente. Era o todo na pessoa que importava: uma mente bem desenvolvida num corpo bem desenvolvido. Apolo, o deus dos atletas, era também o deus da música. Na verdade, os atletas treinavam com música. Os ginásios eram sítios onde filósofos como Sócrates paravam muito. Quase todas as grandes escolas da filosofia grega era sediadas em ginásios .... quando a religião grega entrou em declínio e foi substituída pela filosofia, Sócrates defendeu muitas vezes a nudez, como uma forma de honestidade " Com isto fica bem claro que os gregos antigos pretendiam um equilíbrio - um objectivo dourado tanto em realizações individuais, bem como em questões do Estado .”
Começando com exercícios com nudez, um dia típico de um estudante grego é descrito por Papalas no artigo citado acima: "Depois de várias horas de actividades e instrução sobre o corpo, ele banhava-se e ia para a sua sala de aula - na maioria das vezes nu, dado que o clima da Grécia era ameno, não exigia roupas, excepto para alguns dias excepcionalmente frios no Inverno.... professores e estudantes tentaram estabelecer um equilíbrio entre a mente e o corpo. Ao aluno, portanto, era solicitado que dedicasse a mesma quantidade de esforço ao progresso físico e mental. "
Péricles, o famoso estadista grego, general, e atleta, disse que os homens devem trabalhar harmoniosamente para "a beleza perfeita dos nossos corpos e para as virtudes víris da nossa alma .... Somos amantes da beleza sem ter perdido o gosto pela simplicidade, e amantes da sabedoria, sem perda de vigor víril. "
Darius, o rei persa, fiando-se num relatório de um espião enviado para observar o treino dos gregos para a batalha, equivocadamente concluiu que, dado a sua atitude para com a nudez e a democracia, os gregos eram fracos.
O infiltrado voltou para Darius com um relato de como os gregos gastavam o seu tempo a treinar nus "ou sentados, parcialmente vestidos, ouvindo idiotas proporem ideias ridículas sobre a liberdade e igualdade para o cidadão." Com base nestas informações, Darius esperava que os gregos fossem um alvo fácil, mas o seu riso transformou-se em medo e desilusão quando o exército persa foi empurrado para o mar, na Batalha da Maratona por adversários bem treinados.
Embora aos homens da Grécia Antiga fossem oferecidos um treino excepcional como cidadãos (com a excepção óbvia dos escravos do sexo masculino), às mulheres gregas foi negada a educação de alto nível dos ginásios. Essa desigualdade foi especialmente justificada pelo raciocínio de que as mulheres tinham menos necessidades de educação, porque elas não foram autorizadas a participar em actividades cívicas juntamente com os homens. Tal discriminação, no entanto, diminuiu com o aparecimento do movimento dos direitos das mulheres.
Entre as conquistas obtidas pelas mulheres deste grupo foi a criação de competições atléticas femininas. Durante esses jogos, as mulheres realizavam as provas confortavelmente nuas, como era a prática dos homens. "A admiração grega para o corpo humano e a vontade de exibi-lo estavam intimamente ligadas com a honestidade e a inteligência grega.” Ninguém achou errado que as raparigas de Esparta fossem nuas para danças públicas ou procissões. Os jovens que se reuniam para observar estes eventos, não observavam nem luxúria ou libertinagem. Plutarco (o biógrafo e historiador grego) escreveu que “o aparecimento dessas donzelas foi recebido com admiração, respeito e sem vergonha. "
Eventualmente, a nudez também se tornou parte da tradição dos Jogos Olímpicos. Historiadores antigos sugerem que os Jogos Olímpicos já existiam em 1100 A.C. como concursos de tratados de paz autorizados pelos reis das cidades de Pisa, Elis, e Esparta. O nome dos jogos derivou do Vale de Olympia, onde foram iniciados. O primeiro Festival Olímpico do qual existem registos, foram realizados em 776 A.C.. Pensa-se que, pelo menos, desde aquele tempo em diante, os Jogos Olímpicos foram especificamente dedicados aos deuses gregos.
Através de dados históricos, pensa-se que os atletas de Esparta terão sido os primeiros a descartar as roupas enquanto treinavam para as competições. É possível que isso tenha ocorrido já no século VII A.C.. A partir do momento em que estes atletas ganharam uma proporção anormalmente alta de prémios devido aos seus corpos não serem restringidos por roupas, outros atletas gregos começaram a imitar a nudez dos espartanos. Depois disso, a nudez fazia parte da tradição olímpica até 393 D.C., quando o imperador romano Theodosium, governante cristão da Grécia, proibiu os Jogos Olímpicos, porque os considerava como cerimónias pagãs. Os ginásios e tudo o que estivesse relacionado com os jogos eram tratados com desprezo. Foi só em 1896, cerca de 1500 anos mais tarde, que os Jogos Olímpicos foram reavivados - mas sem nudez!
"A beleza para os gregos era a verdadeira essência da virilidade. O perfeito equilíbrio do corpo e mente seguiu a antiga crença grega 'meden agan', que significa "nada em excesso”. Além disso 'Kalos k'agathos' que significa “bonito e generoso” ou “belo e virtuoso” foi a pedra de toque e o segredo da proeminência da Grécia Antiga por mais de 500 anos".Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism
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