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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A nudez desde os tempos antigos até às culturas modernas (Parte 4)

Aileen Goodson

(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)

A Nudez no Oriente

Até ao século XX, o sentido japonês de modéstia diferiu fortemente daquele que se via na Europa ou na América.
Banhos nus em grupo, por exemplo, era um facto básico da vida diária praticado até muito recentemente e ainda existem em áreas rurais distantes das grandes cidades do ocidentalizado Japão. No entanto, Bernard Rudofsky, no seu livro Are Clothes Modern?, observa que a nudez não era um tema aceitável para os artistas tradicionais japoneses.
"Mesmo os amantes deitados em quilts (espécie de colcha) - um assunto favorito em arte japonesa - estão sempre totalmente vestidos, não porque os artistas eram puritanos, mas porque os japoneses parecem gostar de fazer amor emaranhados nas roupas um do outro .... Esta cultura não-cristã não só ignorou o pecado original, como nunca sentiu a necessidade de adoptá-lo.
No entanto, os japoneses estavam longe de ser excessivamente modestos! A sua atitude de que tudo o que é natural é moral, é revelado nos "livros da noiva", publicados por centenas de anos no Japão como um meio de educação sexual prático para mulheres jovens. Através de texto e imagens explícitas, este tipo de livro prepara a mulher solteira japonesa para a conduta sexual que deveria ter lugar depois do seu casamento. Aos casais experientes também foram fornecidos os chamados "livros de almofada", destinado a ser mantido perto da cama. Estes continham ilustrações eroticas para estimular e aumentar a satisfação marital.
Membros da classe superior chinesa eram muito mais inibidos e até consideravam mesmo os seus camponeses sem roupa como seres sub-humanos. A nudez, mesmo na arte, era vista como imoral. No seu ensaio The Future of Nakedness, John Langdon-Davies conta uma história sobre os padres jesuítas, que ficaram horrorizados ao saber que os chineses consideravam os livros cristãos, contendo imagens lindamente coloridas de santos religiosos masculinos e femininos com as suas roupas/túnicas clássicas, como pornográficas.
Na China antiga, um costume antigo e estricto, impedia até que uma mulher da classe alta pudesse estar na presença do seu médico sem roupas. A única maneira que ela tinha para poder comunicar com o seu médico sobre seus problemas físicos era apontar para o lugar correspondente numa escultura em miniatura, nua, feita de marfim ou de alabastro. Essas pequenas estátuas, items de grande importância para todas as famílias respeitáveis chinesas dos tempos mais antigos, ainda podem ser adquiridas por turistas em zonas chinesas de algumas cidades, que se podem encontrar em todo o mundo.
Ao examinar os hábitos de banho de uma cultura, é possível determinar as atitudes corpo-imagem com alguma precisão. Os Japoneses, os povos Turcos e Escandinavos, nos últimos tempos por exemplo, têm tradicionalmente apreciado os banhos nus em grupo, à semelhança das suas culturas anteriores. No império greco-romano, até aos seus anos de declínio, os dois sexos, socializavam nus durante os banhos em grupo porque a enfase da sua cultura era a saúde, a limpeza, e a socialização, e não as diferenças físicas ou sexuais. Durante a Idade Média, a Igreja Católica suprimiu estes banhos. No entanto, os banhos em grupo, onde os sexos eram normalmente segregados sobreviveram em partes da Europa Central e do norte da Europa, até que, finalmente, os modernos movimentos nudistas iniciaram as acções que levaram ao aparecimento das praias e spas nudistas, mistas, na Europa.
O mundo ocidental, desde a Idade Média até o século XIX, não era conhecido pelas práticas da limpeza do corpo. Desde que o corpo nu foi considerado como pecaminoso, as práticas de usufruir de um banho de carinho ou imersão numa casa de banhos comuns (como os luxuosos banhos do Oriente) não ficaram simplesmente indisponíveis para a grande maioria das pessoas, como passaram a ser impensáveis e inaceitáveis. Banhos de esponja ou simplesmente “chapinhar” eram o costume, e o uso de perfume era mais um disfarce para a falta de banho do que um meio para o aliciamento sexual.
Os banhos turcos utilizando fontes termais quentes foram construídos por onde o Império Otomano dominou, introduzindo em muitas partes da Europa o ciclo de prazer e de promoção da saúde de nadar nu, suando, e da regeneração através da massagem. Tanto os homens como as mulheres do Império Otomano usavam os banhos como um centro social, mas sempre com sexos separados.
No entanto, no Japão, um país abençoado com naturais termas vulcânicas, os banhos em grupo mistos, praticados por famílias nuas foram aprovadas pelas religiões vigentes há mais de dois mil anos. Algumas das casas de banhos públicos no Japão, têm hoje salas privadas de vários tamanhos, onde as famílias ou grupos sociais podem experimentar as piscinas fumegantes em privacidade. Mais comuns, no entanto, são as piscinas grandes comunitárias.
Originalmente um rito de purificação xintoísta, a prática de banhos sociais nus, espalhou-se por todo o Japão e tornou-se parte do quotidiano japonês, sendo tão comum como o nascer do sol. Xintoísmo, a religião do estado do Japão, existente antes de 1945, enfatiza a higiene pessoal, tanto espiritual como fisica. No entanto, mesmo os monges budistas construíram casas para banhos dentro dos seus templos. No início de cada dia, estes monges reuniam ramos de pinheiro, azevinho, ou árvores de buxo, em preparação para o aquecimento da fornalha de paredes espessas de argila vermelha que estava colocada num chão de pedras. As portas eram abertas ao público dado que o vapor ia para cima. Algumas casas de banhos ofereciam cerimónias de chá, enquanto outras forneciam frutas e outros alimentos. Havia sansulces (meninos de banho) e donzelas de banho, que ofereciam os seus serviços, para esfregarem as costas.
Assim, muitos homens e mulheres Japoneses cresceram acostumados a serem vistos nus e a verem a nudez de outros em todas as idades. No entanto, com a correria que a vida tem típica das grandes cidades no Japão, e com a ocidentalização da arquitectura das casas, as casas de banhos comunitárias estão a perder a sua proeminência. Os banhos nus colectivos nas nascentes termais, no entanto, permanecem como pontos altos para férias.
Em muitas zonas do Japão, os Invernos são muito frios, e as naturais nascentes quentes, têm-se tornado tradicionalmente um refúgio para o prazer e para a saúde do corpo - oásis de vapor, aninhados nas montanhas escarpadas e florestas exuberantes. Algumas dessas piscinas tornaram-se agora sitios para os hotéis e resorts modernos.
Nos dias de hoje, o uso popula de spas com banhos quentes nos Estados Unidos, obviamente, teve origem a partir desses costumes antigos e tradicionais dos banhos comunitários tão proeminentes no Japão, Escandinávia e Turquia.

Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism

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