Numa altura em que muito se fala e escreve sobre tamanhos e formas de corpos para praticar nudismo, deparámo-nos com esta notícia no jornal Correio da Manhã, que passamos a transcrever:
Tara Lynn estrela na revista ‘Elle’
31-03-2010
Tara Lynn, uma modelo morena que integra o grupo das modelos ‘Plus Size’ (tamanhos grandes), vai ser a estrela da revista ‘Elle’, edição francesa, que chega às bancas em Abril.
A revista já divulgou fotos da produção realizada com a top que, com os seus quilos a mais, quebra o rígido padrão de magreza do mundo das manequins.
Recorde-se que já em Janeiro, Tara e outras modelos deram que falar com um ensaio que produziram para a revista ‘V’, no qual também se despiram.
Ora ao lermos esta notícia chamou-nos à atenção algumas particularidades muito interessantes, nomeadamente as referências a "modelos Plus Size" e "com os seus quilos a mais, quebra o rígido padrão de magreza…".
Então agora os corpos definem-se como roupa? Temos modelos Plus Size porque são grandes? E também haverá modelos XS, S, M, L e XL? E essas definições são feitas por quem?
Por causa dessas definições é que temos pessoas com problemas de alimentação e com muito pouco auto-estima, para precisamente poder estar dentro dos tão falados e inventados padrões de beleza, e por isso acham que estão gordos, com barriga, baixos, sem peito, etc, etc, etc. E em relação à nudez parece que existe uma maior marcação neste aspecto da gordura, pois o corpo nu mostra mais, o que a roupa consegue esconder.
Isto vem um pouco ao encontro de alguns posts que ultimamente têm surgido em que se fala de diversos preconceitos existentes entre os nudistas/naturistas em relação ao corpo das outras pessoas.
Nós no tempo em que praticamos nudismo (e já lá vão alguns anos) temos visto um pouco de tudo, gordos, magros, altos, baixos, com barriga, celulite, sem uma perna, sem um braço, com seios grandes, sem seios, novos, idosos, grávidas, ….
E lógicamente comentamos entre nós o que vemos, como todos comentam, faz parte da cultura humana comentar, agora o tipo de comentário e a maneira como se faz é que pode ser diferente, porque existe o comentário corrosivo que magoa e o comentário casual que não faz mal.
No entanto continuamos a achar que no meio nudista/naturista o comentário que se faz regra geral não é depreciativo como noutros meios, mas sim de apreciação do corpo humano. No nosso caso é assim.
E deixem colocar aqui duas situações em que isso aconteceu.
Uma dessas vezes foi quando estávamos a passar umas férias num camping nudista em Espanha, e num dia na piscina vimos entrar um casal muito obeso (em Portugal a palavra gordo é depreciativa e evitada), e quando vimos esse casal a primeira reacção foi de surpresa logo seguido de admiração porque achámos que aquele casal, apesar de muito obesos, não tinha qualquer tipo de problemas com os seus corpos estando muito à vontade com o seu peso. O nosso comentário foi – extraordinário - pelo à vontade que tinham e que muitos não têm, e se calhar, ao fim ao cabo, estavam no sítio certo, porque numa piscina têxtil os comentários e olhares seriam corrosivos para ambos, não só pelo corpo mas também pelo que poderiam vestir. Neste caso chegámos à conclusão de que não havia grande diferença entre este casal e nós, pois afinal estávamos todos nus, e os corpos são na essência iguais, com mais ou menos pele, mais ou menos barriga, mais ou menos celulite, mas iguais.
O segundo caso foi na praia do Meco, em que num determinado dia, presenciámos um casal de idosos com duas crianças (seus netos), nus, num dia muito bem passado com muita brincadeira na água e areia, em que achámos muito boa esta relação entre duas gerações mais distantes mas sem qualquer conotação depreciativa e que ultimamente está na moda se dar. O nosso comentário nessa altura foi salientar a harmonia entre avós e netos sem preocupações com o corpo, e pedir que, quando chegar a nossa altura possamos fazer qualquer coisa do género. Porque esperamos que, quando chegar a nossa vez, possamos continuar a praticar nudismo, assim a saúde o permita, mesmo com o corpo naturalmente envelhecido, pois o que verdadeiramente importa será sempre a mente.
Porque uma coisa é certa o nudismo não escolhe idades, estratos sociais, ou corpos mais ou menos delineados, o nudismo é um estado de espírito, e que na nossa opinião quem o pratica está bem com o seu corpo e com os corpos de quem o rodeia, e com uma mente mais sã do que muitos.
Tudo além disto será uma tentativa de caça às bruxas e mesquinhice.
Valha-nos as mentes abertas dos Plus Size e de todos os outros sizes.
quarta-feira, 31 de março de 2010
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